Sumário
Conheci Marco Antônio da Silva Lemos quando ambos, ele e eu, éramos adolescentes. Ali pelo ano de 1962. Morávamos no bairro de Campinas, onde seu pai tinha uma farmácia. O que nos aproximou foi a política estudantil, que, no final da década de 1950 e início da de 60, era fervilhante. Foi nos grêmios estudantis que mantivemos os primeiros contatos.
Depois na atividade jornalística. Estudando na Escola Comercial Senac, no setor Universitário e incentivado pelo seu diretor, professor Narses Goianinho do Sul, fundei um jornalzinho, “A Gralha“, impresso no mimeógrafo (engenho que entrou em desuso) da Escola.
A essa altura, Marco Antônio já colaborava com algumas publicações. A meu pedido, escreveu para a coluna de humor da “Gralha”. Recordo de ao menos uma:
— Dona Nina, olhe aqui uma mosca na minha xícara de leite.
— Tá enxergando mal, hein? Não tá vendo que é uma barata?
Dona Nina, uma simpática senhora, era a merendeira do Senac.
Curioso: o leite em pó vinha dos Estados Unidos e era enviado pela Aliança para o Progresso, um programa lançado pelo presidente John Kennedy.
Marco Antônio virou profissional e eu também. Trabalhamos juntos no Cinco de Março, vibrante semanário fundado pelo jornalista Batista Custódio, de quem ouvi comentários elogiosos ao talento de Marco Antônio. Depois, escreveu no Diário da Manhã, também fundado por Batista.
Mais tarde, formado em Direito, Marco Antônio mudou-se para Brasília, onde foi aprovado em concurso, tornando-se juiz de Direito do Distrito Federal e Territórios. Chegou a desembargador. Aliás, a bidesembargador, uma vez que, depois de aposentado no DF e de o Território Federal do Amapá ter-se transformado, por dispositivo da Constituição Cidadã (8 de outubro de 1988), em Estado do Amapá, virou desembargador também no novo Estado.
Agora, recebo a lamentável notícia da despedida de Marco Antônio da Silva Lemos, nome maiúsculo do jornalismo e do Judiciário. Sei que vinha padecendo de enfermidades desde há algum tempo, daí porque sua morte era prevista. Mas, que dói, isso é um fato.
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