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INFLUÊNCIA INTELIGENTE TODO DIA

Por que amamos os chefes?

Nós os amamos um pouco, muito, apaixonadamente, loucamente... Ou nem um pouco, às vezes! Mas por que nos submetemos tão voluntariamente à sua autoridade? A psicologia contemporânea decifrou amplamente este enigma.

Os dirigentes norte-coreanos ou como ser chefe de pai para filho. Na ilustração, Kim Jong Il, em 2008.

Sentido!!!

Em 1576, em seu Discurso da Servidão Voluntária, Étienne de La Boétie buscava entender por que tantas pessoas se submetem a um poder que não apreciam. Nada impede de inverter a questão e perguntar por que, às vezes, gostamos de alguém que é nosso superior na hierarquia, sem que sejamos necessariamente masoquistas... Por que amamos uma figura de autoridade? Eis algumas respostas, nem exaustivas nem exclusivas.

Este texto pertence à série “De onde vem o desejo por autoridade” (As Ciências Humanas)
As Ciências Humanas: de onde vem o desejo por autoridade?
A diretora severa, o pai incontestável, o chefe todo-poderoso – será que os “durões” são relíquias de um passado autoritário já superado. Ou não? Enquanto celebramos a horizontalidade, uma parte profunda de nós parece clamar por ordem e estrutura, um anseio que gera líderes autoritários globalmente.

A primeira razão é simples: não refletimos. Se La Boétie apontava a força do hábito, os psicólogos atuais culpam os vieses cognitivos — esses atalhos automáticos do pensamento, que usamos quase sem parar e sem perceber, e que nos fazem julgar tudo e qualquer coisa de maneira precipitada. O “viés do mérito” seria o principal culpado. O que ele nos sussurra? Que ninguém se torna chefe por mero acaso! Alguma justiça deve haver! Esse viés entra em ação especialmente quando o chefe é um sujeito simpático, que não faria mal a ninguém, mas que seus subordinados jamais conseguiriam detestar — seja ele Abracurcix, o valente Gerber cuidando de sua tropa na gendarmaria de Saint-Tropez, ou até mesmo, retrospectivamente, o tão simpático Jacques Chirac com sua cabeça de vitela a tiracolo (tête de veau). É tautológico: gostamos do chefe porque ele é o chefe. Ele deve ser mais competente do que parece. Se é bonachão e não faríamos melhor do que ele, que fique com as rédeas. Quando não confiamos em nós mesmos, ouvimos.

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