Atenção, caros leitores e leitoras! A contagem regressiva para o Natal começou! Apesar de ser uma época de luz e celebração, para muitos: é um período de intensa pressão psicológica. Uma viagem emocional que, se não bem conduzida, pode deixar marcas que duram muito além da ceia.
Enquanto o orçamento familiar está mais apertado – com o décimo terceiro salário sendo engolido por contas e boletos – a expectativa social é que hajamos como se a abundância fosse a regra. Os presentes precisam ser “perfeitos”, a ceia: impecável, a árvore: imaculada, e a família – harmoniosa. Qualquer deslize soa como falha pessoal.
Este conflito entre a realidade financeira e a fantasia de um Natal perfeito gera um paradoxo angustiante. Somos impelidos a um consumismo que contradiz os preceitos cristãos de simplicidade e devoção.
Inconscientemente, passamos a acreditar que nosso valor está atrelado à performance. "Se não for tudo perfeito, serei reprovado por Deus e pela sociedade!". Esse tipo de pensamento alimenta ansiedade, estresse, frustração e tristeza – e nos faz consumir ou reagir por impulso, trabalhar em acesso, evitar encontros familiares e até alimentar discussões desnecessárias.
A Terapia Cognitivo-Comportamental oferece ferramentas eficazes para lidar com essa pressão. Uma delas é a Restruturação Cognitiva, que ajuda a identificar e questionar crenças rígidas – os famosos "deverias". Se estivermos abertos à autoescuta, podemos ser nossos próprios terapeutas (mas com a ajuda de um profissional qualificado...). A TCC nos ensina que não são os fatos em si que nos perturbam, mas a forma como os interpretamos. No Natal, isso faz toda a diferença.
Estabeleça metas realistas. O que é uma ceia farta para você? Cabe no seu orçamento? É possível contar com a colaboração de outros parentes ou amigos? Organize-se dentro de sua realidade: "Vou preparar uma ceia gostosa e simples, dentro do meu tempo e das minhas possibilidades, pois o que importa é estarmos juntos". Planejar reduz a ansiedade e permite que o foco esteja no comportamento, não no resultado. Não podemos controlar a reação dos outros, mas podemos escolher nossa postura.
Por fim, pratique a atenção plena. Em meio à correria, pare por dois minutos. Sinta o sabor da comida, observe as luzes, ouça uma música com calma. Esses pequenos momentos tiram-lhe do piloto automático da ansiedade.
A sua viagem poderá ser fantástica – se o seu "cinto mental" estiver bem ajustado. O maior presente que podemos oferecer a nós mesmo e aos outros envolve a autocompaixão e a flexibilidade psicológica. Troque a pressão pela presença, a expectativa do perfeito pela aceitação do real. Só assim o Natal será verdadeiramente alegre e humano.
Desde já, desejo a todos um Natal tranquilo, cheio de significado e autoacolhimento.