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INFLUÊNCIA INTELIGENTE TODO DIA

Sobre a dependência amorosa emocional. "Viver sem você é morrer" não é romance, é um alerta

A psicóloga, escritora e música Ana Paula de Siqueira Leão nos fala sobre o importante assunto contemporâneo da dependência emocional, e das intervenções possíveis, a partir da TCC, sobre esse quadro.

Imagem: AI Generated

Imagine-se em um barco sem rumo, e o mar começa a ficar agitado. As velas estão rasgadas, o leme quebrou e você não sabe nadar. A única saída é gritar por socorro e aguardar o resgate. Essa metáfora eficaz traduz claramente o que é dependência emocional, ou seja, é a crença de que precisamos de outra pessoa para nos salvar de nossas próprias crises de sentido e vazio existencial, para nos nortear.

Este estado psicológico aos poucos vai criando padrões de pensamento e de comportamento disfuncionais. Neste contexto, a nossa autoestima e felicidade vão sendo terceirizadas, tornando-nos prisioneiros da permanente aprovação e presença do outro. Como se o barco fosse "o único ar que se respira". Lamentavelmente, é enganadora a sensação de que podemos ficar seguros sendo totalmente dependentes.

Sob o prisma da Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) isso é identificado como "crenças centrais disfuncionais", distorções cognitivas que nos fazem acreditar que não conseguimos ser felizes desacompanhados. Essa abordagem nos mostra que os pensamentos (cognições) influenciam diretamente em nossas emoções e comportamentos. Uma de suas técnicas é a reestruturação cognitiva, a qual tem o papel de questionar a pessoa dependente emocionalmente se o barco é realmente o "único ar que ela respira" - o barco pode ser um familiar, um(a) parceiro(a), ou um(a) amigo(a).

Se você se identifica com ciúmes excessivos, com uma sensação de vazio na ausência do outro; se você tem necessidades de controlar, de vigiar o(a) parceiro(a) quando está online e, naquele momento, não pode falar contigo; se você anula suas próprias opiniões para evitar conflitos, suporta atos de desrespeito por medo de abandono e, consequentemente, acaba abandonando seus hobbies e suas amizades, tudo isto para garantir que o barco não se afaste; e, também, se identifica com a frase "somente serei feliz se ele me der atenção", então admita: isto é um alerta. Busque ajuda psicoterapêutica. O primordial para se libertar da dependência amorosa, emocional é compreender a origem desse pensamento para, então, questioná-lo e desconstruí-lo. Tornar-se autônomo, no sentido de romper com essa "cadeia" – trata-se de você aprender a ser o seu próprio porto seguro.

Finalmente, torne o seu desejo uma realidade. Quando você se torna capitão de seu próprio barco, aprende a navegar mesmo em mares revoltos. Quando você se tolera, a solidão passa a ser um convite à auto descoberta e à liberdade. Estando seguro(a) de si mesmo(a), você conseguirá estabelecer relacionamentos anti-muleta - baseados não na carência, mas no real desejo de estar na companhia de outrem.

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