Sumário
A manhã da última quarta-feira (24), na Casa Altamiro de Moura Pacheco, foi de celebração para a Academia Goianiense de Letras (AGnL). Dentro do Projeto Trajetória, Voz e Memória, aprovado pelo PNAB – Aldir Blanc, Ministério da Cultura e Secretaria Estadual de Cultura, a instituição realizou um encontro que uniu música, literatura e solenidade acadêmica, consolidando-se como um dos momentos mais expressivos do calendário cultural de 2025.
O evento começou às 9h com um lanche de boas-vindas, reunindo acadêmicos, autoridades, escritores e familiares em um ambiente de confraternização. Às 9h30, a cerimônia foi oficialmente aberta pela presidente da AGnL, Dra. Marislei de Souza Espíndula Brasileiro, que destacou a importância do projeto e agradeceu o apoio institucional da Secretaria Estadual de Cultura. Em seu discurso, a presidente lembrou que o ano de 2025 foi dedicado à memória e à obra do acadêmico Geraldo Coelho Vaz, cujo legado jurídico, literário e cultural o consagra como um dos grandes nomes da história intelectual de Goiás.




Salão da Casa Altamiro de Moura Pacheco completamente lotado e movimentando a literatura brasileira no centro de Goiânia: um dos motes da gestão da presidente Marislei Espíndula é dar vida cultural às letras em Goiás
Música e literatura infantil: Philipe Moura emociona o público
O acadêmico Philipe Moura, ocupante da cadeira 53, patrono Elder Rocha Lima, abriu a parte cultural da manhã interpretando ao vivo o Hino de Goiânia. O escritor e cantor lírico, que veio especialmente de Brasília, lançou em seguida seu quinto livro, “Joana e o Bicho do Céu”, primeira obra dedicada ao público infantil. Inspirado por um episódio real — a visão de um corpo celeste nos céus de Brasília —, o autor transformou um conto em uma narrativa lúdica que busca promover o diálogo entre crianças e adultos sobre o impacto das novas tecnologias e da inteligência artificial no cotidiano.
Em sua fala, Philipe compartilhou que o livro nasceu de um “pequeno acidente feliz”, expressão tomada de empréstimo ao pintor Bob Ross, e que decidiu convertê-lo em uma oportunidade para aproximar gerações em torno da leitura e da reflexão crítica sobre a era digital. A obra foi autografada e elogiada pela diretoria da Academia como exemplo de literatura que une inovação e sensibilidade.
Projeto Patronos: memória e identidade
Na sequência, o acadêmico Geraldo Coelho Vaz, ocupante da cadeira 25, patrono Isócrates de Oliveira, apresentou o Projeto Patronos, iniciativa que resgata e valoriza a trajetória dos patronos das cadeiras da AGnL. Em sua fala, Geraldo recordou a gênese da instituição, relembrando encontros com Mariano Ortego e Manuel Correia que deram início à ideia da Academia, consolidada anos mais tarde por Emídio Brasileiro e outros intelectuais.




Geraldo Coelho Vaz, cujo ano de 2025 celebra sua trajetória e obra comemorou seu aniversário neste dia 24 de setembro: um gigante colaborador e incentivador das artes em Goiás
O acadêmico fez uma homenagem detalhada ao patrono Isócrates de Oliveira, diplomata nascido em Pirenópolis, que atuou em representações brasileiras em países como Grécia, Tchecoslováquia, Argélia, Chile, República Dominicana, Tailândia, Paquistão e Estados Unidos. Para Geraldo, reavivar a memória de figuras como Isócrates é um compromisso essencial da Academia: “Continuamos vivos à memória dos nossos patronos”.
Posse dos novos membros correspondentes
O ponto alto da manhã foi a posse de quatro novos membros correspondentes, que passam a integrar oficialmente a Academia Goianiense de Letras:








Momento de alegria: chegada dos novos membros movimenta a Casa e promete explosão de produção cultural
- Randes Ribeiro da Silva – cadeira 28, patrono Onaldo Alves Pereira;
- Rosane Maria de Castilho – cadeira 37, patrona Regina Lacerda;
- Renata O. C. Bittencourt – cadeira 57, patrona Sônia Maria dos Santos;
- Rômulo Vaz Barbosa (Rômulo Vaz) – cadeira 58, patrono Hugo Zorzetti.
Cada empossado fez uso da palavra, apresentando discursos que variaram entre a emoção pessoal e a exaltação de seus patronos. Randes destacou sua ligação com o movimento de resistência e diversidade em Goiás, homenageando o pastor e ativista Onaldo Pereira. Rosane enfatizou o legado da pesquisadora Regina Lacerda, pioneira no cenário literário feminino em Goiás. Renata Bittencourt lembrou a importância da poetisa Sônia Maria dos Santos, reforçando o papel da Academia como patrimônio da memória coletiva. Já Rômulo Vaz Barbosa emocionou-se ao reconstituir sua trajetória de vida e ao celebrar a obra de Hugo Zorzetti, dramaturgo considerado um dos maiores comediógrafos do Brasil.
Reconhecimento e integração cultural
Diversas personalidades prestigiaram a solenidade, como o deputado estadual Carlos Cabral, a representante da Secretaria de Projetos Especiais da ALEGO, Dra. Cristina, o escritor Juliz Galvão, presidente da Academia de Letras de Senador Canedo, além de representantes de academias parceiras e entidades culturais. Também foi registrada a presença do membro fundador da AGnL Emídio Brasileiro. E houve a participação do escritor Luiz de Aquino, membro da casa-irmã Academia Goiana de Letras (AGL), que também celebra seu ano cultural em 2025, com inúmeras atividades culturais ao longo deste ano em seu nome.

A presidente Marislei Brasileiro destacou em sua fala final que a Academia busca ser uma instituição inclusiva, comparando-a a um pomar diverso, no qual cada árvore, com suas diferenças, fortalece o conjunto: “É na diferença que fazemos de Goiânia uma cidade cuja literatura chega ao Brasil e ao mundo”.
O encontro foi encerrado com confraternização entre os presentes, marcada pela partilha de mesas e conversas descontraídas, em meio às memórias preservadas no ambiente histórico da Casa Altamiro de Moura Pacheco, localizada na esquina da Avenida Araguaia com a Rua 15, no centro de Goiânia.