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INFLUÊNCIA INTELIGENTE TODO DIA

Por que a psicanálise hoje?

O psicanalista Edson Manzan Corsi escreve sobre a grande relevância clínica da psicanálise diante do mundo contemporâneo

Na imagem, a marca-clínica do psicanalista dr. Edson Manzan Corsi

A psicanálise é um dispositivo para tratamento em saúde mental que lida de forma mais efetiva com a condição humana e com as realidades da vida. Como atesta o psicanalista Renato Mezan, em síntese, ela nunca é complacente com nosso desejo de enganarmos a nós mesmos. Trata-se de uma via de acesso àquilo que nos constitui, nossa história, nossos conteúdos emocionais, de modo que não neguemos a nós mesmos, nossas verdades, furos, defeitos, contradições, fetiches, frustrações, embates com o mundo e com aqueles que se encontram à nossa volta, em diferentes momentos da existência.

A psicanálise, enquanto ciência que investiga o inconsciente, não faz falsas promessas, muito menos promessas de soluções fáceis, falsamente apaziguadoras. Não se propõe, de maneira solta ou não de fato examinada, a "curar" isso ou aquilo num determinado número de sessões, aliás, esse tipo de proposta descuidada, sem levar em conta a singularidade e a história de vida de cada paciente, nunca é feita em psicanálise. Ela não faz afirmações tácitas sobre o futuro, não "garante" o que não sabe e não se sobrepõe a cada situação que é paulatinamente apresentada.

A psicanálise não julga o desejo, não é moralizante ou reducionista. Nunca deve ser. É claro que todos temos nossos furos e defeitos, inclusive o analista, que também é humano; mas, numa psicanálise de verdade, deve ser tornado possível que se converse sobre eventuais ruídos ou vieses na clínica, pois os partícipes do processo estão ali em questão, e o psicanalista de fato comprometido com a qualidade de seu trabalho não pode se furtar às observações e questionamentos que lhe cheguem.

No mundo do virtual, do recorte alucinógeno e agressivo que as redes sociais fazem do cotidiano, da indústria cultural, televisiva, cinematográfica, etc., que busca infantilizar os adultos, incutir-lhes valores superficiais, imediatistas e idiotizados; das relações por mero interesse e das mentiras (especialmente para si mesmo) - a psicanálise constitui um respiro, um bálsamo para o auto-enfrentamento autêntico, fidedigno, e o desenvolvimento pessoal sem ilusões de controle ou onipotência sobre a vida, em sua essência surpreendente e instigante.

Assim, este texto aporta como possibilidade para pensar; sobre nossas repetições e compulsões nocivas, autossabotagens contínuas ou excessos (auto)destruidores, relacionamentos tóxicos que se estendem, sentimentos mortificantes encrustados, formas de ver o mundo cristalizadas - e cobranças indevidas, por demais pesadas. Talvez seja possível falar disso, falar bem disso tudo, de acordo com cada caso, conforme o andamento das sessões, em análise; desde que seja algo de fato desejado, uma experiência que se queira mesmo ter e construir, em sintonia com a plausibilidade de tal vivência soar interessante e (co)movente...

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