Recolho-me no eterno divã da noite - essa lucidez que me alucina e desvela.
Dela, aprendo a percorrer os pulsos-labirínticos de minhas pulsões; e me atraco, por fora, na frágil embarcação da vida...
Almejo aprender mais, sempre mais.
A anciã me acalma com seu olhar parcimonioso. A criança me adoça o coração com seu sorriso autêntico. Juntas, me ensinam a praticar o amor como verbo de ação. E os bichos, em seu silêncio ancestral, me convidam a meu próprio quietar.
Olho o anoitecer pela janela e me encaro no brilho etéreo das estrelas. Sonho acordada com todas as possibilidades de encontros e desencontros.
Eis, então, a minha busca: a que me encanta, e no mesmo fôlego me assombra. A irremediável possibilidade humana de encontrar-me entre o véu da morte e o puro espanto de estar viva.
Essa é a viagem do encontro com a noite, que me desencontra quando sinto que estou a cada vez mais plena de vida.