Sumário
Nota do editor
À pedido do jornalista Batista Custódio, Weimar Muniz foi um dos primeiros articulistas convidados para o projeto Liras da Liberdade. Ambos, Batista e Weimar, hoje, se encontram na Pátria Espiritual.
O advogado e juiz Weimar Muniz faleceu 1º de janeiro de 2021. E Batista Custódio, 24 de novembro de 2023. Seus legados são enormes, mas a intersecção dos dois idealistas é evidente nos esforços que ambos empenharam para a divulgação da Doutrina Espírita, de Allan Kardec e Chico Xavier.
A seguir, eis o corpo do e-mail onde Weimar orienta Batista sobre o uso dos textos que ele enviou. Outras edições de textos de Weimar serão publicadas poteriormente:
Meu caro Batista, envio-lhe, em anexo, o meu primeiro trabalho, relativamente à TERTÚLIA LITERÁRIA – Um Novo Renascimento nas Artes (Holístico, Quântico, Transcendente) –, que pretendo honrar semanalmente, se for de seu agrado.
O Projeto de Um Novo Renascimento nas Artes é de autoria de Léon Denis (o maior colaborador de Allan Kardec, à época da Codificação da Doutrina dos Espíritos), que, em seu livro "O Espiritismo na Arte", defende a tese de que as Artes, através de UM NOVO RENASCIMENTO, reflorescerão com o impulso do Espiritismo – O Consolador – de ideias muito mais avançadas, transcendentes.
Sobre este mesmo assunto, escrevi "Renascimento da Arte" – edição FEEGO – 1995, onde eu adoto a tese de Léon Denis. Entendo que é chegada a hora em que devemos trazer a tese a público. É o que tentarei fazer através dessa Página Literária que você me concede. Cordial abraço. Weimar.
Infelizmente, o jornalista Batista Custódio iniciou duras lutas pela sua saúde devido ao avançar da idade, e não pode ver materializar o jornal Liras da Liberdade que sonhava com ele já há uns 10 anos.
Devido as amarras judiciais e a asfixia econômica imposta pelo lawfare trabalhista, jornalista Batista Custódio via-se obrigado a carregar um bebê nos braços, escapando dos tiroteios, afim de que o bebê sobrevivesse. Ele dizia, a este editor, que o filho que carregava nos braços, numa travessia imensa, era o jornal Diário da Manhã.
Isto posto. Fiquem com a belíssima proposta do querido Weimar Muniz. Um intelectual de mão cheia que abrilhantou o movimento espírita brasileiro e goiano.

Weimar Muniz, especial para o jornal Liras da Liberdade:
Um Novo Renascimento nas Artes:
Holístico, Quântico, Transcendente
Vive-se um momento de apreensão, em que o homem da Terra, enfeitiçado pelas coisas transitórias do mundo, cada vez mais se identifica com o materialismo avassalador, distanciando-se, consciente ou inconscientemente, de sua origem divina.
E é por essa razão que se tornou inábil à concepção da Arte, da lídima Arte, em quaisquer de suas realizações, hodiernamente, salvo honrosas exceções.
Não é por acaso que se encontra num momento de transição planetária, ao término da qual, depois de inúmeras décadas, após agro sofrer e profunda meditação, através de deduções e induções, é que poderá voltar à sua natural e espontânea condição de conceptor das mais belas árias e das odes mais exuberantes, dentre outros setores das artes, que promanam, espontâneas, férteis e belas das incontáveis esferas do Infinito, sinfônicas, poéticas e rítmicas.
Ao ensejo, inaugurando esta página literária, que tem o modesto objetivo de crítica moderada e construtiva, mas de convicção inabalável, toque-se, por ora, na Poética, em que transcrevo alguns poemas de minha lavra, neste primeiro contato com o ilustre leitor.
De Sinfonias de Outrora e Melancolias de Agora
(Obra inédita)
"Nunca viste a Primavera dar Flores sobre uma Casa em Ruínas?" (1)
“Onde, então, o amor de Nosso Pai”?
Pergunta Jesus à digna senhora,
Que nas graças do Mestre logo cai,
Como se do Céu fosse nest` hora!...
E o diálogo dos dois recai
Em bela sintonia, muito embora
A distância entre ambos se esvai,
E a milhares de séculos vigora.
Pós, Madalena, ao pé do Calvário,
Renova o seu grande amor, em graça;
Naquele instante que nunca passa!
Limpa o Mestre com o seu sudário
E alivia a ferida que lhe traspassa
O corpo, não... – porém, a alma, sem jaça!...
Goiânia, outubro/2017.
Se eu Voltasse Amanhã
Se eu voltasse amanhã à Pátria de origem,
ninguém haveria de chorar, só lamentar!
Eu não ficaria largado à cova virgem,
porque os amigos me viriam resgatar!
Se eu retornasse amanhã, em vertigem,
teria pouco, quase nada a reclamar,
porque partiria de uma vida de fuligem
à vida a que todos hão de retornar!
Se eu retornasse amanhã à celeste
morada, eu estaria no meu natural
ambiente, onde eu teria como teste,
noutras causas e efeitos, seja no leste,
no oeste seja, no centro universal:
obra de amor de que o Cosmos se reveste! (2)
Goiânia, 4, abril/2018.
De “Maiêutica Quântica”
(No prelo)
A Teia da Vida
Estais cientes de que a Vida que se espalha,
intensa e bela, por todos os vossos caminhos,
reveste-se de luz nos lúcidos escaninhos,
para a glória divina, em que se agasalha?!
Que, sendo “luz coagulada” (3), em essência,
em Religião o é também e nos ninhos,
da razão, da lógica e da Ciência orlada,
“...luz gravitacionalmente capturada”?! (4)
Que “não se toca num verme sem se incomodar
as estrelas”, a que distâncias possam luzir?!
Que apesar de Demócrito, de Newton, todos são
abstrações (5), mas jamais objetos, isso não?!
Que é através das probabilidades e interconexões (6)
que se constrói da existência a Teia da Vida,
em sutilidades cada vez mais constantes
no transcorrer de tudo, em todos os instantes?!
Que no Oriente é Brahman, com veemência!
No Ocidente – Mônada Quântica – o Supremo Ser,
desde o ínfimo grânulo ao Ser Humano, em geral,
que o Cosmos todo transuda no Fluído Universal?!... (7)
Que insondável, no Infinito tudo é, sabeis,
para que em todo o sempre deveis sobrevier?!
Tudo é pensamento, é consciência perfeita,
desde a energia, a pedra bruta, a luz rarefeita!...
O calor que o equilíbrio das esferas garante,
em sua segura, plena e vigorosa governança,
passem o tempo e o espaço que preciso for,
seja cedo, ou mais tarde, tendes a busca do Amor!
Aceitais que a Teia da Vida a tudo e a todos,
concentrando-os, plenamente os congrega:
germes, galáxias, coisas, flores, as mais belas,
os efeitos, os anseios, sentimentos, estrelas?!...
Goiânia, 09/07/2018.
Goiânia, 27 de abril de 2019.
- “Boa Nova” – Humberto de Campos/Chico Xavier — Diálogo de Jesus com Madalena — FEB, Rio de Janeiro, 1982, 14ª edição, cap. 20, p. 133.
- Antítese do poema de Álvares de Azevedo - Manuel Antônio Álvares de Azevedo (1831–1852), do livro Poesias Completas - Poesias Diversas, p. 96. Nasceu em São Paulo e bacharelou-se em Direito pela Universidade de São Paulo (Largo de São Francisco). Faleceu no Rio de Janeiro. Foi influenciado pelos poetas Lord Byron, François-René de Chateaubriand e Alfred de Musset.
- “E a Vida Continua” – André Luiz/Chico Xavier — FEB, 1ª edição, cap. 9, p. 86.
- A expressão correta: “a matéria não é nada mais do que luz capturada gravitacionalmente”. Citação de Marlene S. Severino Nobre, em seu livro A Alma da Matéria – Perispírito – FE Editora Jornalística Ltda., São Paulo, 2005, p. 57–58, transcrito do livro Space Time and Beyond, de Bob Toben e Fred Alan Wolf, p. 143.
- “O Tao da Física” – Fritjof Capra — cap. 10, p. 108, citando Niels Henrik David Bohr (1885–1962), físico dinamarquês. Nasceu em Copenhague e escreveu, dentre outras, a obra Teoria da Estrutura Atômica.
- “O Tao da Física” – Fritjof Capra — cap. 10, p. 109, obra citada.
- “O Livro dos Espíritos” — Questão nº 27, obra citada.