Aos quase 52 anos de idade, as sensações do envelhecer se tornaram minhas companheiras diárias. Tenho interpretado cada novidade como uma nova experiência a ser decifrada, me esforço para ter calma, paciência com as mudanças e tolerância com as próprias vivências.
Confesso, porém, que o peso da idade me assombrou mais do que eu esperava. Fui confrontada pela minha própria sombra, por tudo o que era indizível e inegável... Precisava me despedir – de coisas, acontecimentos e pessoas – sem a amarga sensação de que eu não havia feito nada por mim. Esse sentimento me corroía, impedindo que eu projetasse um futuro com melhor saúde mental, corporal e emocional.
Foi então que percebi a raiz do conflito: meu corpo estava envelhecendo, mas minha mente não. E a pergunta que ecoou foi: como ser criativo e se libertar de amarras que não servem mais a esta nova fase, se não amadurecemos para lidar com a contradição?
A resposta veio na ação. Revisei meus propósitos, mudei meus "algoritmos" internos, cantei minhas próprias dores e passei a escrever – inclusive os horrores, rsrs. Diariamente, elaboro esse processo com muito cuidado, para que nenhuma surpresa desagradável cause mais dor do que o necessário.
Sim, envelhecer dói. E essa dor me fase encarar a morte não como um fantasma, mas como uma sentença familiar. Ela me convida a refletir: por que tenho a sorte de ainda estar aqui, desfrutando da vida, quando tantos já partiram?
No cerne da questão, descobri que o que faltava era simples e, ao mesmo tempo, transformador: cultivar a gratidão por estar viva e me familiarizar com esse "novo normal". É o exercício diário. E por isso, hoje, digo: viva a menopausa! Esse luto necessário, essa pausa fundamental que nós, mulheres, precisamos dar a nós mesmas.