Ir direto para o conteúdo
INFLUÊNCIA INTELIGENTE TODO DIA

Há 23 anos partia Chico Xavier, eleito o maior brasileiro de todos os tempos

Em 30 de junho de 2002, o médium mineiro deixou o plano físico discretamente — no mesmo dia em que o Brasil celebrava o pentacampeonato de futebol. Chico partiu como viveu: em silêncio e em serviço

Chico Xavier chegando ao auditório para receber as chaves da cidade, em 1973. (Crédito: Marcelo Valente)

Sumário

Há exatamente 23 anos, o Brasil se despedia de uma de suas figuras mais extraordinárias: Francisco Cândido Xavier, o médium, filantropo e escritor que se tornou símbolo da caridade, da fé e da humildade. Faleceu em 30 de junho de 2002, aos 92 anos, em Uberaba (MG), em paz, sem dor, como desejava. Segundo relatos de pessoas próximas, Chico dizia que queria partir “num dia em que o povo estivesse muito feliz” — e assim foi: o Brasil celebrava naquele domingo a conquista do pentacampeonato mundial de futebol.

Uma biografia extraordinária

Nascido em Pedro Leopoldo (MG) em 1910, Chico Xavier teve uma infância marcada por privações, trabalho precoce e visões espirituais desde os quatro anos. Órfão de mãe aos cinco, enfrentou maus-tratos na infância e perseguições religiosas na juventude. Ainda assim, sua vida foi marcada por uma missão clara: consolar os que sofrem e servir sem jamais cobrar.

Ao longo de mais de 70 anos de atividade mediúnica, psicografou mais de 450 livros e cerca de 10 mil cartas de supostos entes desencarnados. Nunca se apropriou de nenhum centavo dos direitos autorais — todo o valor arrecadado foi doado a instituições de caridade. Suas obras venderam mais de 50 milhões de exemplares, sendo traduzidas para várias línguas, inclusive o braile.

Chico também foi indicado duas vezes ao Prêmio Nobel da Paz e, em 2012, eleito pelo povo brasileiro como "O Maior Brasileiro de Todos os Tempos", em votação promovida pela BBC e SBT.

Curiosidades que fascinam e comovem

  • Seu primeiro livro, Parnaso de Além-Túmulo (1932), trazia poemas atribuídos a autores mortos, como Castro Alves e Augusto dos Anjos, impressionando críticos pela fidelidade de estilo.
  • Em 1971, sua participação no programa Pinga-Fogo, da TV Tupi, bateu recordes históricos de audiência e emocionou o país.
  • Diversas cartas psicografadas por ele foram usadas como provas em julgamentos no Brasil, sendo aceitas inclusive por tribunais, em casos de homicídio.
  • Chico não apenas pregava, mas vivia a caridade: organizava doações, ajudava a manter lares de crianças e idosos, e passava noites inteiras escrevendo cartas de consolo.
  • Apesar da fama, vivia com simplicidade: sua casa era modesta e sua rotina, inteiramente dedicada ao atendimento de pessoas carentes e à prática do bem.

Chico Xavier e Batista Custódio: um encontro de almas lúcidas

Nos anos 1970, o jornalista Batista Custódio, fundador dos jornais Cinco de Março e Diário da Manhã, entrevistou Chico Xavier numa das ocasiões mais marcantes da imprensa goiana. A conversa, franca e espiritual, revelou um Chico lúcido e profundamente crítico à vaidade do poder humano. Denunciava, com palavras doces, “a lubridade irresistível do poder”, como anotou Batista em seu editorial à época.

A amizade entre os dois consolidou-se em valores comuns: o compromisso com a verdade, o amor à justiça e a liberdade da consciência. Batista viu em Chico não apenas o médium, mas o homem que, com doçura e firmeza, desafiava o egoísmo da sociedade — e Chico, por sua vez, reconheceu em Batista uma voz civil de coragem no jornalismo brasileiro.

O maior brasileiro de todos os tempos

Chico Xavier nunca ocupou cargos públicos, nunca liderou partidos nem criou instituições políticas. Ainda assim, sua presença moldou consciências e confortou milhões. Seu legado atravessa religiões, gerações e classes sociais. Ele nos ensinou que o verdadeiro heroísmo está na bondade constante, silenciosa e perseverante.

Vinte e três anos depois de sua morte, Chico segue vivo no coração do Brasil. Em um tempo de tantas dúvidas e divisões, seu exemplo permanece como farol: servir é o mais alto verbo da evolução.

Comentários

Mais recente