Todos os dias, o Sr. Tempo me retalia… Ele me conta sobre sua arrogância, sobre sua falta de tempo, com uma causa que não tem realmente causa, mas que tem chegada e partida: a tão vociferada Vida.
Olho pela janela e vejo a Vida estampada no vento… Talvez o outono seja mais ameno… Alguém diz:
— É tempo de amar, de perdoar, de dizer: “SIM”! Então, penso comigo mesma: por que não dizemos o contrário?
— É vivacidade de temperar a(s) vida(s)… também de amar; porém, devemos questionar, duvidar e, muitas vezes, devemos dizer: “NÃO”.
O Tempo é a gente que faz, por mais que Ele nos retalie… E a vida só é bem vivida quando fazemos algo interessante com ela.
Olho da horizontal, pela janela à minha direita, e não consigo me levantar… e continuo escrevendo, no laptop, tudo o que penso; não penso em vírgulas, travessões etc… Eu não estou nem aí: eu sou poeta.
Aquela canção me barbarizou, aquele violão não foi mais tocado, e ainda estou aqui.
Todos os dias, pergunto a mim mesma se você poderia me fazer feliz; eu não sei se consigo.
Mas ainda estou aqui…
Me pergunto se a estrada que tomei é aquela mesma que já caminhei um dia. Eu adorei: inspirei-me nela, escrevi canções, poesias, plantei um jardim de girassóis catados de lotes baldios: eu vivia e sofria; eu vivia e amava, e também morria… Enfim, eu vivia!
Será que o meu gato, o saudoso Joe da minha adolescência, ainda “passeia”? Aqueles carnavais ainda dormem em meus sonhos…
Enfim, eu não sabia que tudo se resumiria nisso: viver, viver e viver ainda mais… para depois morrer desse estranho vício.