Publicado pela primeira vez em 1899, Dom Casmurro é um clássico da literatura brasileira, se não for o livro mais famoso do Brasil.
Com uma escrita intrigante, envolvente, Machado de Assis nos faz pensar se houve ou não traição por parte de Capitu.
E houve?
Nunca ficou claro, de fato, se houve ou não traição. É, portanto, o maior mistério da literatura brasileira. A ideia de Machado de Assis foi justamente causar, no leitor, a angústia da incerteza e a possibilidade individual de chegar à sua própria conclusão.
Há quem defenda que sim e que não. Existe um capítulo no livro que se chama "Embargos de Terceiro" que, em Direito, constituem uma ação judicial de quem não é parte no processo, para defender seus bens. O objetivo de tal título no capítulo se faz presente para que Bentinho possa proteger Capitu (analogicamente como bem de Bentinho) da relação entre Capitu e Escobar, na qual, obviamente, Bentinho não faria parte.
Então Capitu e Escobar teriam uma relação "às escondidas de Bentinho" e este invocaria a ação de "Embargos de Terceiro" para proteger sua relação com Capitu; o que, claramente, indicaria a traição.
Contudo, na opinião deste colunista, Capitu não traiu Bentinho. No livro, Capitu sempre se saiu mais astuta que Bentinho quando crianças, sempre mais adulta que este. Quando infantes, sempre prometeram estarem juntos pelo resto da vida. Todas as suspeitas de Bentinho, até quando crianças, eram infundadas, fruto de uma insegurança enraizada e sem motivos. O pensamento do garoto a respeito de Ezequiel (filho de Capitu e Bentinho) com Escobar (amigo deste) se dão de maneira infundada e fruto de um devaneio.
Mas e então? Traiu ou não traiu?
A leitura deste clássico se faz essencial para chegar à uma conclusão (ilusória) da maior pergunta da literatura brasileira.
