Atualmente, nossa sociedade vem enfrentando um grave problema de saúde pública: a compulsão que muitas pessoas estão desenvolvendo pelos jogos de apostas online. Esse tipo de compulsão é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e se chama ludopatia, ou transtorno do jogo, caracterizado pela incapacidade de controlar o impulso de apostar, mesmo diante de prejuízos financeiros, emocionais e sociais.
Os sintomas mais frequentes são: perda de controle do tempo investido nos jogos, mentiras para esconder o vício, irritabilidade intensa ao tentar parar, danos e desleixo na vida profissional e acadêmica, além de problemas familiares recorrentes.
Sabemos bem que existe uma publicidade voraz e agressiva em torno desse tema. Influenciadores(as) de toda sorte, na tentativa de obter “lucro fácil”, invadem nossas vidas pela TV, pelo celular, pelas redes sociais, entre outros meios. Muito astutos, eles(as) acabam seduzindo e comprometendo pessoas que, na maioria das vezes, estão em situação de vulnerabilidade, como perda de emprego, separação, depressão, luto, endividamento, mudanças, entre outros.
A Terapia Cognitivo-Comportamental, inaugurada por Aaron Beck e amplamente difundida por sua filha, Judith Beck, tem se mostrado eficaz nesse tipo de tratamento. Essa abordagem psicológica busca, a partir de um vínculo de confiança com o(a) cliente, realizar inicialmente um trabalho de flexibilização e reestruturação cognitiva e, posteriormente, uma psicoeducação, visando à conscientização sobre os sinais que podem estar presentes na vida da pessoa. Exemplos incluem: jogar ou apostar para aliviar situações estressantes, mentir sobre os gastos excessivos com os jogos ou insistir nas apostas, mesmo após sucessivos prejuízos financeiros.
A TCC também ajuda a identificar, no cliente, seus gatilhos e pensamentos distorcidos, como as crenças irracionais de que, se continuar jogando, um dia acabará ganhando por pura sorte ou persistência. Há também a falsa ilusão de controle, que leva o sujeito a acreditar que tem algum poder de influência sobre resultados aleatórios. Soma-se a isso o viés de memória, quando a pessoa se lembra apenas dos raros ganhos e ignora as perdas, que são frequentes.
A questão é que jogo pode ser sinônimo de diversão; aposta, porém, não. Ela envolve todas as circunstâncias da vida da pessoa, como já citado anteriormente. Assim, os jogadores acabam apostando a própria vida.
Aqui vai uma sugestão: que tal cuidar melhor de si e buscar outras formas de diversão que não tragam prejuízos, “até o pescoço”? Busque uma psicoterapia, trate com calma os seus traumas, procure um grupo interessante de amigos(as), pratique esportes ou crie algo que tenha a ver com você.
Enfim, vou brincar um pouco sério aqui: se for para apostar, aposte em sua vida, em tudo o que lhe proporciona um prazer real, no que o(a) enriquece e valoriza. Essa é a melhor forma de produzir as tão sonhadas e desejadas irmãs “inas”: a dopamina, a serotonina e a endorfina.