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INFLUÊNCIA INTELIGENTE TODO DIA

A polifonia estilística na arte de Rafael Machado Paiva

O psicanalista Edson Manzan Corsi percorre as características dialogísticas do trabalho artístico de Rafael Machado Paiva, para delinear certo panorama sobre a riqueza e a sofisticação de sua elaboração estética

Rafael Machado Paiva, Sem título (detalhe)

Entre, por exemplo, o teor neoclássico e ecos de Cubismo, a arte de Rafael Machado Paiva se destaca pela acuidade conceitual e compromisso com o que chamarei aqui de estética do traço.

Rafael é um artista que, a meu ver, já pode ser imediatamente elogiado pelo seu compromisso intenso com a beleza e o cuidado da forma. E o interessante desse seu movimento acurado e "formalístico" é perpassar, de modo sempre pertinente, é importante destacar isso, as possibilidades de diferentes estilos, em termos de propostas ideacionais e referências a períodos da história da arte.

O que fascina em seu trabalho, se refletimos e o olhamos a partir dessas considerações, é que se trata de um artista que absorve diferentes vias - vejo, como instâncias a se destacar, sua relação com a arte clássica, especialmente greco-romana, a ascender em suas obras como referência de capacidade técnica e noção laboral das bases da criação, e sua absorção do Cubismo, por exemplo, como inspiração e instigação - mas de maneira própria e profunda.

Rafael conhece o que faz, e assimila os temas e caminhos em vereda particular, estilizando intensamente a história da arte, lançando sobre ela um olhar original, peculiar e marcante. Em elipse entre o greco-romano e o Modernismo, inclusive para além do Cubismo, já que a incidência deste em seu trabalho fica em recorte que realizo para fins deste breve texto; as criações conversam com praticamente todas as possibilidades do gosto, e do bom gosto - que um artista culto e original lança à nossa apreciação, a partir do detalhismo de um labor muito fundamentado; e sólido: através da busca da voz própria que, em todo caso, tão bem dialoga - polifonicamente.

Trata-se de artista que vem à tona; com a fundamentação de si e os desafios em se propor a marca do estilo, mediante sua estética do traço: a ultrapassar barreiras e convenções, mas continuamente delineando diálogos, permitindo-nos falar, então, de certo caráter visionário-dialogístico. Criação dinâmica que perpassa as obras, simultaneamente unívoca e múltipla, e que nos convida a um festival cultural para os olhos. E pode inspirar-nos; a conhecer, a, também, inventar, inspiradoramente.

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