Sumário
Hoje, 9 de abril de 2025, marca o segundo aniversário celestial de Batista Custódio dos Santos — para muitos, o maior jornalista da história do Estado de Goiás e um dos mais brilhantes do Brasil, de seu tempo. Para mim, porém, ele sempre será algo ainda maior: o melhor pai que eu poderia ter tido em quase 22 anos de vida ao seu lado.
Não falo apenas como filho, mas como alguém que teve o privilégio raro de conviver com um ser humano épico, que, no auge de sua sabedoria, transmitiu o que de mais precioso acumulou ao longo de uma longa e rica jornada. Batista foi pai em idade de avô — e isso, longe de ser um detalhe, foi uma bênção. Recebi dele não apenas afeto, mas conselhos moldados pela experiência, pela ponderação e por uma lucidez de quem já havia vivido, enfrentado e vencido muito.
Conviver diariamente com alguém tão extraordinário nos obriga a enxergar a vida com mais profundidade. Estar ao lado de alguém que transcendeu as vendas que cegam a razão, ferida pelos espinhos dos extremismos ideológicos, sociais e econômicos, é uma escola silenciosa e contínua. Viver com um homem assim amadurece a alma. E esse amadurecimento precoce, em áreas que muitos morrem sem alcançar, é um legado silencioso de quem viveu com grandeza moral, intelectual e espiritual.
Mas é preciso humildade para aprender com esses gigantes. É necessário reconhecer que cada gesto, cada silêncio, cada palavra — vinda de alguém assim — carrega o peso de milhares de experiências, tropeços, vitórias e superações. E eu, com a humildade que ele mesmo me ensinou, procurei absorver tudo o que pude. Batista foi um espelho raro, daqueles que nos mostram o que podemos nos tornar se formos íntegros, resilientes e verdadeiros.

Meu pai foi, e sempre será, o defensor da liberdade e da justiça, o grande inimigo das ditaduras, o exemplo de moral que desprezava os moralistas, o encantador das palavras e das pessoas, o conselheiro de presidentes, governadores e prefeitos — mesmo sem jamais disputar um cargo.
Foi o discípulo predileto de Alfredo Nasser, o amigo de JK e Pedro Ludovico, o admirado por Chico Xavier, e o fundador de três grandes trincheiras da liberdade de expressão em Goiás: os jornais Cinco de Março, o Diário da Manhã e também, o Liras da Liberdade. Este último, ele não viu materializar-se. Tinha em Deus, em seu forte senso de justiça, na máquina de escrever, no papel e no cigarro seus companheiros inseparáveis de criação.
Nunca buscou reconhecimento. Lutava por convicção, pela defesa do bem e pela proteção do bem maior: a liberdade. Desconfiava dos elogios e não gostava de homenagens — talvez porque sabia que as maiores honras não estão nas palavras, mas na verdade de uma vida vivida com dignidade.
Ele falava pouco, pois sabia que “os tolos falam demais e os sábios ouvem muito”. Foi um romântico inveterado, um construtor da história de Goiás, um filósofo prático, um amante da natureza, das músicas clássicas e dos faroestes. Nunca desistia. Perdoava mesmo quando era traído. E ensinou, com o próprio exemplo, que caráter não se negocia.
Tudo isso pode parecer exagero para quem não o conheceu. Mas para mim, para minha família e para todos que foram tocados por sua grandeza, essa é apenas uma tentativa de fazer justiça à sua memória.









1) Batista Custódio e Pedro Ludovico Teixeira: amizade e confidências. 2) A esposa Marly. 3) Com o amigo PX Silveira. 4 e 5) Batista entrevista Chico Xavier. 6) Batista no cárcere do DI produzindo artigos para o jornal Cinco de Março. 7) Batista e Marconi. 8) Batista, Ronaldo Caiado e o desembargador Marco Antônio da Silva Lemos. 9) Batista e Maguito Vilela
Neste segundo aniversário de sua partida, não celebro o luto. Celebro a herança imensurável que ele nos deixou. E reafirmo: Batista Custódio dos Santos foi, é e continuará sendo a maior saudade de Fábio Nasser, o maior leitor que conheci, o filósofo silencioso, o pai que jamais será esquecido.
Foi ele quem me deu o nome de João do Sonho, e à minha irmã, o de Maria do Céu, porque acreditava que nomes carregam destinos. Deixou, assim, uma marca sua diariamente presente na minha vida, gravada em cada vez que meu nome é chamado. E o destino que ele escolheu viver e que nos inspira a seguir foi o da retidão, da coragem e da sabedoria.
Meu irmão Arthur da Paz segue seus ensinamentos e busca homenageá-lo diariamente, entre as “liras da liberdade” e na preservação de seus escritos.
Minha mãe, Marly, sua companheira de vida, mostrou ser, mesmo após sua partida, a maior representação de amor que já vi entre dois seres humanos.

Meu outro irmão, Júlio Nasser, continua dando o seu melhor no Diário da Manhã.
Minhas irmãs Imara, Verônica, e, por carinho e laço, também Karina e Sabrina, seguem te amando como sempre.
Todos nós, mesmo em meio a tantas lutas, seguimos firmes, tentando preservar e transmitir aquilo que o senhor nos ensinou.
E eu, do fundo do meu coração, espero que hoje, neste 9 de abril, o céu esteja em festa. Porque uma lenda está comemorando, sua data natalina, cercado por todos aqueles que ele sempre amou e que, agora, estão com ele, na mesma dimensão. A dos justos.
João do Sonho Custódio é estudante de Direito