Peru. Terra mágica. Magia visível? Com certeza não. Magia que vaga desde o ano 1200, aproximadamente.
Quem fui antes de viajar para o Peru? Verbo no passado? Sim! Impossível ser o mesmo. Vejo que faltava navegar.
Lima. Falésias. Tour gastronômico. Mas só? Não. Histórias. Catedral. Francisco Pizarro. Curioso o fato de a colônia guardar os restos de seu colonizador. A glória de hoje se faz em dominar o dominante. É poético. Invocando Oswald de Andrade: neste caso não é um erro de português, foi um erro de espanhol.
Quando cheguei pela primeira vez em territórios peruanos, confesso que chorei. Estive de passagem em Lima com direção ao Equador. Mas essa é uma outra crônica.
As lendárias terras peruanas perpassam meu imaginário há mais de 20 anos. Quando era criança, fiz um trabalho sobre Machu Picchu, e a montanha nunca mais saiu da minha mente.
Bom, com isso, estive decidido a voltar a Lima, Cusco e Machu Picchu. E voltei.
Lima. Cusco. Machu Picchu. Candelabro de Paracas. Islas Ballestas. Huaca Pucllana. Huacachina. Vinicunca. Fui. Em tudo. Ficou faltando algum local? Vários. Mas sempre bom ter motivo para voltar a locais que encantam.
Falemos do Candelabro de Paracas: quem fez? Por quê? Como? Para quem? Para quê? Perguntas? Inúmeras. Respostas? Quase nenhuma. O geoglifo, pré-histórico, é datado de aproximadamente 200 a.C. É, de fato, impressionante visualizar uma marca dessa que está há mais de 2000 anos do mesmo jeito, sem intervenção humana, divina, alienígena, espiritual ou qualquer outra forma de manejo.
Huacachina: é de tirar o fôlego. Às vezes literalmente. Deserto. A energia desértica é mesmo uma coisa a ser pontuada. Sobre deserto: os Lençóis Maranhenses contam como um? Se sim, então Ica (o deserto onde se localiza Huacachina) é meu segundo; se não, Ica é meu primeiro. Mas, assim como o Equador, os Lençóis ficam para outra crônica.
Com certeza Pachamama habita o deserto de Ica. Só assim para que a energia terrena seja impressionante. A Trilogia Inca perpassa todo o Peru.
Agora sim. Machu Picchu. Velha Montanha. Pachutec ordenou sua construção em 1420. Sim. Velha Montanha mesmo. Mais velha que o Brasil.
Para chegar até lá, é necessário ir até Cusco, então eu fui. Cusco é uma cidade interessante, envolvente. Parece cidade pequena, mas não é. O caos de uma cidade grande se instaura em seus becos de pedra, ruínas Incas e tradições milenares.
Em Cusco, pega-se um trem. De trem, se vai até um povoado que se chama Machu Picchu Pueblo, ou Águas Calientes. Cidade interessante. Caótica de um jeito acolhedor. Lojas. Comércio. História. Montanha. Rio. Pedras (muitas).
Em Águas Calientes, pega-se um ônibus para subir até o sítio arqueológico. É uma mistura de ansiedade com “vamos logo” e “será que estou aqui mesmo”? Sim.
O momento se aproxima. Ingresso. Fila. Fila. História.
A criança de 20 anos atrás realizou seu sonho. Ver Machu Picchu. A vida não é sobre isso? Descobrir. Desvendar. Desde a época de Machu Picchu, inclusive, os humanos buscam desbravar, descobrir, navegar.
Vinicunca. Colorir montanhas. Quem? Como? Uma beleza natural e extraordinária. Toquinho tem sua parcela de culpa, e aqui peço licença para alterar a emblemática letra de Aquarela:
“Numa montanha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis cores
É fácil fazer um monumento.”
Terra Inca. Povo acolhedor. Povo tradicional. Raízes expostas. Raízes conservadas. História à flor da pele. História à flor da montanha.
Allin kawsay. Lema Inca escrito em quéchua que diz: viva bem!
