Carl Jung instituiu, em sua Psicologia Analítica, a teoria sobre o mandala. Na tentativa de estabelecer aqui uma breve síntese sobre o tema, podemos ressaltar que o mandala constitui uma criação de natureza circular, dentro da qual são realizados desenhos de diversos tipos. Tais desenhos, com frequência, seguem uma disposição geométrica, dividindo-se o interior do círculo em quatro partes, ou múltiplos de quatro, organizando-se a imagética a partir dessa estruturação.
O mandala funciona como uma espécie de concentrador da situação psíquica. Representa um vetor que aponta para o “centro” interno: a totalidade da psique, incluindo, é claro, o que Jung denominou Self. Jung utilizava os mandalas, em sua clínica, como ferramenta para promover transformação e crescimento interior, buscando a cura e a reconstituição da ordem do ser.
No chamado “processo de individuação” — conceito fundamental na psicologia analítica — busca-se a integração entre consciência e inconsciente, resultando numa personalidade mais coesa, amalgamada e estruturada. Os mandalas, nesse contexto, ajudam na busca por essa totalidade, formulando representações simbólicas da viagem interior em direção ao Self.
Jung via o mandala como um símbolo significativo da totalidade psíquica, um instrumento terapêutico voltado à cura e à transformação, além de uma analogia do processo de individuação diante do Self.


Embora a artista Nani Moreira não tenha construído mandalas no sentido técnico do termo, arrisco, neste breve texto, sugerir que há, em seu trabalho, uma espécie de mandala implícito. Suas formas curvilíneas e circulares, remetendo à ideia de formação e fechamento do círculo, tornam-se campos de projeção de cores e formas, que se articulam tanto de maneira geométrica quanto progressiva. Em alguns casos, pode-se pensar que essas articulações ocorrem de forma intrínseca; em outros, extrínseca, em relação aos “círculos” que servem de base, estrutura, fundamento e acolhimento das composições.
A obra de Nani remete a aspectos telúricos da cultura brasileira e latino-americana, atrelando-se a símbolos locais e, a meu ver, também universais, capazes de despertar referências e conteúdos inconscientes em todos nós. Trata-se de um trabalho criativo, profundo, culturalmente rico e, sem dúvida, um diamante artístico e sofisticado do nosso país. Fica aqui a recomendação.

🎨 Quem é Nani Moreira?

Nani Moreira é uma artista têxtil contemporânea radicada em Goiânia. Seu estúdio cria esculturas e peças decorativas autorais — todas feitas à mão, únicas e pensadas especialmente para ambientação, tanto para residências quanto para espaços corporativos.
🧵 O que ela faz?
- Desenvolve esculturas têxteis, colares de mesa e objetos decorativos confeccionados artesanalmente, que combinam originalidade e elegância. Cada peça carrega identidade própria e forte conexão afetiva com o ambiente.
🌟 Trajetória e personalidade
- Possui um discurso sobre a arte autoral brasileira que “conecta, emociona e revela quem você é”.
- Inspira-se em tradição, exclusividade e elegância, buscando renovar espaços e transmitir autenticidade em cada criação.