NATAL ENTRE AS
NUVENS DO PERDÃO
Gabriel Nascente
É Natal.
Vem.
Entre as paredes de um frio
manicômio,
alguém nos espera para um abraço.
Chove. Não.
O céu está chorando.
Deus é pão.
Vem. É Natal.
II
O Sol renasce no sangue
dos homens.
E eu abro as portas das
catedrais do meu íntimo,
de onde arranco estrelas
para a humanidade se redimir
da tragédia da Cruz,
(que até hoje derrama sangue
no lençol de nossas almas).
III
Cristo é meu patrão.
O timoneiro do meu espírito.
E acreditar nas feridas de
teu calvário, é ser poeta.
Deus é pão. Vem.
E ele me disse: “feliz Natal”.
As minhas lágrimas
pediram-lhe perdão.
IV
Neste Natal, bem cedo, eu fiz
um pedido ao rabi da Galileia:
— Tu, ó santíssimo farol das parábolas,
expulsai deste planeta o abominável espírito
dos feminicidas (e não deixeis jamais apagar
a ternura que rege o coração dos poetas).
(Sala Albert Camus II, Inhumas, 20 de
dezembro de 2025, durante a caminhada)