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Natal Entre as Nuvens do Perdão: o pedido natalino do poeta Gabriel Nascente

Todos os anos, o poeta Gabriel Nascente lança um texto natalino que reflete as tensões morais e sociais de seu tempo, criando expectativa entre os leitores. Em 2025, o escritor renova esse gesto ético e espiritual, convocando ternura, denúncia e reconciliação em meio à violência e ao esquecimento

Ilustração: a ideia das Nuvens do Perdão jorrando luz sobre o lençol da alma humana. Quem será que está sob este pano de redenção? (Crédito: ChatGPT)

NATAL ENTRE AS
NUVENS DO PERDÃO

Gabriel Nascente

É Natal.
Vem.
Entre as paredes de um frio
manicômio,
alguém nos espera para um abraço.

Chove. Não.
O céu está chorando.

Deus é pão.
Vem. É Natal.

II

O Sol renasce no sangue
dos homens.
E eu abro as portas das
catedrais do meu íntimo,
de onde arranco estrelas
para a humanidade se redimir
da tragédia da Cruz,

(que até hoje derrama sangue
no lençol de nossas almas).

III

Cristo é meu patrão.
O timoneiro do meu espírito.
E acreditar nas feridas de
teu calvário, é ser poeta.

Deus é pão. Vem.
E ele me disse: “feliz Natal”.

As minhas lágrimas
pediram-lhe perdão.

IV

Neste Natal, bem cedo, eu fiz
um pedido ao rabi da Galileia:
— Tu, ó santíssimo farol das parábolas,
expulsai deste planeta o abominável espírito
dos feminicidas (e não deixeis jamais apagar
a ternura que rege o coração dos poetas).

(Sala Albert Camus II, Inhumas, 20 de
dezembro de 2025, durante a caminhada)

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