Sumário
A eleição de 2024 deu largada à de 2026, que, ato reflexo, pautou a de 2024. Roda viva inevitável. Em Goiás, vemos nascer um novo ciclo político. Sem Iris Rezende e Maguito Vilela, com Marconi Perillo (PSDB) sem mandato depois de quatro governos, e com o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) no segundo mandato e desde sempre pré-candidato a presidente da República, não há grupo hegemônico ou líder que se destaque. Pouco pequi para muito cerrado.
Daniel Vilela (MDB), Wilder Morais e Gustavo Gayer (PL), Vanderlan Cardoso (PSD), Alexandre Baldy (PP), Bruno Peixoto (União Brasil), Adriana Accorsi (PT), Sandro Mabel (UB). Quem sabe, Marconi Perillo de novo. Nomes que temos para hoje. Daniel é vice-governador e, segundo Caiado, assumirá seu lugar em abril de 2026. Por isso e por outras razões, como a eleição de seu primo Leandro Vilela prefeito de Aparecida, terceiro maior colégio eleitoral, Daniel emerge como favorito.
Wilder é o senador do bolsonarismo. Perdeu com aliados em Goiânia e Aparecida, mas elegeu prefeitos pelo interior e está em campanha aberta. Uma incógnita eleitoral. Bruno Peixoto fala em disputar mandato de deputado federal. Como está à frente de políticos que bebem de seu emergente poder na Assembleia Legislativa, dá sinais cruzados: pode apoiar Daniel -- ou tomar outro caminho.
Mabel tem dito que fica na Prefeitura de Goiânia os quatro anos. Seguirá o comando de Caiado? Seguirá Caiado e Daniel? Erguerá grupo próprio? Administra incertezas políticas. Faz seu jogo. Marconi trabalha nos bastidores para tentar voltar ao governo. Preside o PSDB, que perdeu relevância nacional e local. E ponto. Tem meta; não mostra ter plano. Essa é a realidade em Goiás. O novo ciclo de poder em construção.
Virá daí a nova situação e a futura oposição. Novos e novas referências, com sorte na teoria e na prática. E quem for capaz de liderar um lado e outro -- tudo e todos, pode ser. Ou pairar acima, como ocorre hoje com Caiado. O governador não tem sucessor do governo natural, muito menos contraponto no Estado. Ninguém o ameaça. Sua avaliação está nas alturas. Divide os tempos de transição por isso: o poder hoje é absolutamente dele; sem ele, o poder é de ninguém. Ainda.
Perguntas que fazem a imaginação coçar: teremos mais mulheres seguindo a estrada pavimentada pela senadora Lúcia Vânia, por exemplo? Ou jovens, tanto na idade quanto na ocupação de espaços, conquistando lugar na história? Ou a renovação é essa: estes que já conhecemos, que estão aqui e ali com ou sem mandatos? Mais dos mesmos é o destino político de Goiás?
Está na conta de mito que os mais velhos devem ceder seu lugar aos mais novos, que gentilmente pedem passagem. Maquiavel de cabeça pra baixo no pé de jatobá. A realidade não deixa dúvida. Vale a máxima, sabedoria pura: poder não se conquista, toma-se. O momento é de transição - guerra, e não milagres. De oportunidade pragmática. E o favorito, quem sabe, é exatamente esta ou aquele que nem citamos porque está pra nascer no incerto horizonte. Quem sabe a esperança em carne e osso. Quem sabe o osso.
Vassil Oliveira, jornalista e escritor
Artigo originalmente publicado em O Popular