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Brasil avança em riqueza, mas segue no topo entre os países mais desiguais do mundo, revela relatório do UBS

Com crescimento de mais de 5% na média de patrimônio individual em 2024, Brasil figura entre os destaques positivos na América Latina, mas permanece com um dos piores índices de desigualdade global, ao lado de África do Sul e Índia.

Estudo do Union Bank of Switzerland, com sede em Zurique, analisa 56 países que, juntos, representam mais de 92% da riqueza global. Ao final de 2024, os EUA somavam cerca de 23,8 milhões de milionários — o maior contingente do mundo, superando com folga os números da Europa Ocidental e da Grande China somados. 

O Brasil registrou um avanço expressivo na média de patrimônio individual em 2024, com crescimento real superior a 5%, segundo o Global Wealth Report 2025, divulgado nesta quinta-feira (20) pelo banco suíço UBS. No entanto, o país também se mantém no topo do ranking global de desigualdade de riqueza, com um preocupante Índice de Gini de 0,82, o mais alto entre os 56 mercados analisados.

O relatório, considerado uma das maiores referências internacionais sobre distribuição de riqueza, analisou dados de 56 países que, juntos, representam mais de 92% da riqueza mundial. O Brasil aparece ao lado da África do Sul e da Índia como um dos países com maior concentração de patrimônio nas mãos de poucos.

Crescimento acima da média

Em meio a um cenário de recuperação global iniciado em 2023, o Brasil mostrou desempenho melhor que boa parte dos mercados emergentes. A média de crescimento real do patrimônio por adulto no país superou os 5%, colocando o Brasil ao lado de Portugal, Taiwan e da própria China continental na faixa de crescimento entre 5% e 7%.

Esse avanço posiciona o Brasil como um dos poucos países da América Latina com crescimento real positivo na média individual. México, por exemplo, registrou retração em termos médios, com uma queda superior a 18% no patrimônio médio por adulto entre 2020 e 2024.

Um retrato da desigualdade

Apesar do avanço médio, os dados sobre a distribuição da riqueza revelam um cenário de extrema desigualdade. Segundo o relatório, o Índice de Gini do Brasil atingiu 0,82 em 2024, a maior marca entre todos os países analisados, empatado com a África do Sul.

Em comparação, países como Alemanha e França têm índice abaixo de 0,65, e a Eslováquia, o mais igualitário da amostra, possui Gini de 0,38.

A desigualdade brasileira significa que uma pequena elite detém a maior parte do patrimônio nacional, enquanto a grande maioria da população permanece com níveis muito baixos de riqueza acumulada.

Brasil entre os que mais geraram novos milionários na região

Outro destaque é o aumento no número de milionários em dólares norte-americanos. O Brasil terminou 2024 com cerca de 433 mil milionários, o maior número da América Latina, à frente de México, Chile e Argentina. Esse número representa um crescimento de aproximadamente 1,2% em relação ao ano anterior, mesmo com o cenário macroeconômico desafiador.

Comparativo Global: quem lidera a riqueza no mundo?

O relatório também traz um panorama mundial. Os Estados Unidos seguem como a maior potência de riqueza global, com mais de 23,8 milhões de milionários, o que representa quase 40% de todos os milionários do mundo.

Na China continental, o número de milionários ultrapassa os 2,8 milhões, enquanto França, Japão, Alemanha e Reino Unido aparecem na sequência do ranking global.

No que diz respeito ao patrimônio médio por adulto, os líderes globais são:

  • Suíça: US$ 687 mil
  • Estados Unidos: US$ 620 mil
  • Hong Kong: US$ 601 mil
  • Luxemburgo: US$ 566 mil
  • Austrália: US$ 516 mil

Por outro lado, o Brasil segue abaixo da média global, com patrimônio médio por adulto inferior a US$ 50 mil, embora o relatório não tenha divulgado o número exato para o país.

Emergentes: crescimento, mas sem mudança estrutural

A participação dos mercados emergentes na riqueza global permanece estável em torno de 30%, índice praticamente inalterado desde 2017. O UBS projeta que esse cenário de estabilidade deve se manter pelos próximos cinco anos, refletindo o fim da fase de crescimento acelerado em muitos países emergentes.

Entre os emergentes analisados, o Brasil acompanha a tendência de crescimento, mas enfrenta limitações estruturais como baixa poupança interna, restrito acesso ao mercado financeiro e elevada concentração de renda.

Perspectivas para o Brasil

Para os próximos anos, o UBS projeta que a América do Norte e a China continuarão sendo os principais motores do crescimento global da riqueza. O Brasil, apesar de registrar melhorias pontuais, terá que enfrentar o desafio de reduzir a desigualdade se quiser transformar crescimento em desenvolvimento de base mais ampla.

Em um mundo onde, segundo o relatório, mais de cinco milhões de pessoas devem se tornar milionárias até 2029, o desafio brasileiro será garantir que mais cidadãos possam acessar oportunidades reais de acumulação de patrimônio.


📊 O que é o Índice de Gini?

Índice de Gini mede o grau de desigualdade na distribuição de renda ou riqueza de um país. O nome Gini vem do sobrenome do seu criador: o estatístico italiano Corrado Gini, que desenvolveu o índice em 1912, em seu trabalho sobre distribuição de renda e desigualdade social.

  • Valor mínimo: zero → Significa igualdade total (todos têm o mesmo patrimônio ou renda).
  • Valor máximo: um → Significa desigualdade total (uma única pessoa detém toda a riqueza).

👉 E o Brasil?

No quesito distribuição de riqueza, o Brasil atingiu em 2024 um Índice de Gini de 0,82, o pior nível de desigualdade entre os 56 países analisados no relatório do UBS.

📌 Para comparar:

PaísÍndice de Gini (2024)
Brasil0,82
África do Sul0,82
Índia0,42
Alemanha0,30
França0,34
Eslováquia (mais igual)0,38

💡 Por que isso importa?

Quanto mais alto o Coeficiente de Gini (nome técnico), maior a concentração de patrimônio nas mãos de poucos — e mais distante a maioria da população está das oportunidades de acumulação de riqueza.


Ranking dos 25 países com mais milionários no mundo.

  1. Estados Unidos: 23,831 milhões
  2. China continental: 6,327 milhões
  3. França: 2,897 milhões
  4. Japão: 2,732 milhões
  5. Alemanha: 2,675 milhões
  6. Reino Unido: 2,624 milhões
  7. Canadá: 2,098 milhões
  8. Austrália: 1,904 milhões
  9. Itália: 1,344 milhões
  10. Coreia do Sul: 1,301 milhões
  11. Países Baixos: 1,267 milhões
  12. Espanha: 1,202 milhões
  13. Suíça: 1,119 milhões
  14. Índia: 917 mil
  15. Taiwan: 759 mil
  16. Hong Kong (RAE): 647 mil
  17. Bélgica: 549 mil
  18. Suécia: 490 mil
  19. Brasil: 433 mil
  20. Rússia: 426 mil
  21. México: 399 mil
  22. Dinamarca: 376 mil
  23. Noruega: 348 mil
  24. Arábia Saudita: 339 mil
  25. Singapura: 331 mil

Fonte: Global Wealth Report 2025 – UBS Global Wealth Management.

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