Sumário
Em sessão solene presidida por Aidenor Aires, a Academia Goiana de Letras (AGL) deu início ao Ano Cultural Acadêmico Luiz de Aquino Alves Neto. Realizado na sede da instituição, na quinta-feira (20), o evento contou com a presença de escritores, jornalistas, familiares e admiradores do homenageado, que celebraram a trajetória literária e jornalística de Luiz de Aquino. A cerimônia aconteceu às 17h, com participação musical de Consuelo Quireze (piano) e Ana Cláudia de Assis (violoncelo), e teve como proposta enaltecer o legado cultural do acadêmico, destacando sua vasta produção em crônicas, poesia e ativismo cultural.
A solenidade começou com a formação da mesa diretora da sessão. Aidenor Aires, escritor e presidente da AGL, chamou à mesa a escritora Lêda Selma, o promotor de justiça, historiador e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás (IHGG), Jales Mendonça. Na sequência, chamou dois membros da Academia Goianiense de Letras (AGnL), o presidente da Editora Kelps, Leandro Almeida e o fundador do jornal Liras da Liberdade, sucessor de Batista Custódio, o jornalista Arthur da Paz. À seguir, chamou o jornalista Nilson Gomes, o presidente da União Brasileira de Escritores (UBE), Ademir Luiz da Silva e, por fim, o homenageado do ano acadêmico, o escritor Luiz de Aquino.
Conduzido pelo escritor Miguel Jorge, Luiz de Aquino fez o descerramento do banner comemorativo que oficializa o ano de 2025 como o Ano Cultural Acadêmico Luiz de Aquino Alves Neto. A placa ostenta de forma imponente o nome do homenageado, abaixo do emblema da Academia Goiana de Letras, marcando simbolicamente a importância do tributo.

Após a apresentação inicial, Lêda Selma traçou um panorama poético da vida de Luiz de Aquino, relembrando momentos decisivos, como o nascimento em Caldas Novas, em 15 de setembro de 1945, e a mudança para o Rio de Janeiro aos dez anos. Também mencionou o período em que estudou no Colégio Pedro II e, depois, no Lyceu de Goiânia, fases que aguçaram sua paixão pela escrita. Em breves pinceladas, foram citadas as muitas crônicas e poemas que Luiz de Aquino começou a produzir ainda na adolescência, revelando seu espírito curioso e comprometido com a palavra.
Coube ao jornalista e advogado Nilson Gomes dar o tom descontraído à cerimônia. Em um discurso carregado de humor e afetividade, relembrou histórias da longa amizade com Luiz de Aquino, que remonta à época em que ambos trabalhavam no jornal Diário da Manhã. Nilson ressaltou a capacidade crítica do homenageado, que não se furtava a denunciar, em suas crônicas, descasos do poder público com a memória cultural do Estado. Também lembrou como os poemas de Luiz de Aquino, dotados de romantismo e inteligência, serviram de inspiração para muitos jovens que buscavam expressar seus sentimentos de forma poética.
O ponto alto da noite foi a fala do próprio Luiz de Aquino, que, antes de iniciar seu discurso formal, agradeceu à diretoria da AGL e brincou sobre a sua longevidade, anunciando que pretende viver até os 118 anos. Ele realçou a importância de cada decisão que o levou ao universo das letras e artes, além de reconhecer a influência de músicos, poetas, filósofos, pintores e demais artistas em sua formação. Em um clima de emoção e reconhecimento, encerrou suas palavras plantando “um pranto de gratidão” a todos os que o inspiraram.
A sessão, pontuada por música e memórias afetivas, reforçou o compromisso da Academia Goiana de Letras em valorizar autores que, como Luiz de Aquino, dedicam suas vidas à defesa da cultura e da educação. A noite terminou com os aplausos efusivos dos presentes, que celebraram não só o legado do homenageado, mas também o vigor da literatura goiana.
Discurso de Luiz de Aquino na íntegra:
Este momento é o resultado de muitas decisões que, ainda que mínimas, fizeram-me encontrar caminhos e processar escolhas. Destas a mais expressiva foi a que me trouxe ao convívio que tem sido o meu lar – as letras e as artes, sempre sabendo que tudo é fruto da sensibilidade das pessoas a quem chamamos de artistas, as que retratam as cenas, os que definem o viver, os que criam sons de maravilhas e o conjunto das nossas atividades que, se não, identificam um povo, chamando-o de Nação.
As coisas que me formaram e me definem, aprendi-as com gente assim, músicos e leitores, cantantes e poetas, pintores e filósofos, professores e atores... Colhi deles as lindezas que me trouxeram até vocês e é com vocês, hoje, que divido as minhas alegrias e as minhas ansiedades, e com vocês partilho as minhas descobertas.
Citaria nomes vários, de Alencar, Lobato, Machado e Castro Alves até chegar a Carmo Bernardes, José J. Veiga, Anatole Ramos, Eli Brasiliense, Bernardo Élis, Yeda Schmaltz, Gomes Filho, Roberto Fleury Curado, Dionísio Pereira Machado... Não cito os vivos para não pecar pelo esquecimento, mas meu coração é uma metrópole de nomes e sons, cenas e vozes, e a tudo isso, e por todos esses, eu planto meu pranto de gratidão.
Muito obrigado!